Crianças e limites - sim, é possível!
Que tal começar a trabalhar limites com as crianças de maneira afetuosa? Alterando nossas respostas diante das birras, por exemplo, das crianças teremos certamente mais sucesso e mais sorrisos.
Vamos conversar sobre isso? Faço orientação de mães, pais e responsáveis e atendimento psicológico de crianças.
(traduzido e adaptado por Thiago Queiroz, da versão inglesa, link original)
Mandy Velez – Paus e pedras de fato quebram ossos – mas palavras também podem causar dano real às crianças, diz um novo estudo. E os bullies no pátio da escola não são os únicos culpados. A “disciplina verbal dura” por parte dos pais aumenta os riscos do filho desenvolver comportamentos depressivos e agressivos, e isso “não é incomum,” de acordo com a pesquisa, que foi publicada no início da semana em Child Development. As técnicas de disciplina em questão incluem gritos, xingamentos e humilhação – definidos como “chamar o filho de burro, preguiçoso, ou algo semelhante.”
O estudo sugere ainda que as repreensões verbais podem ter o mesmo impacto em crianças que a punição física: “os efeito negativos da disciplina verbal dentro do período de estudo de dois anos foram comparáveis aos efeitos mostrados no mesmo período de tempo em outros estudos que focaram em disciplina física,” como explica o press release da Universidade de Pittsburgh, onde o autor líder do estudo é professor assistente.
O estudo seguiu 976 adolescentes de 13 e 14 anos da Pensilvânia e seus pais durante os 8º e 9º anos do ensino fundamental, e descobriu que a depressão ou comportamento ruim aumentava em filhos que foram expostos à disciplina verbal dura. Ao invés de servir para remediar o problema, as táticas de disciplina verbal pareceram provocar um comportamento indesejado. “A adolescência é um período muito sensível quando [crianças] estão tentando desenvolver suas identidades,” disse o líder do estudo Ming-Te Wang para o Wall Street Journal. “Quando você grita, fere sua autoimagem. Faz com que eles se sintam incapazes, que eles são inúteis e sem valor.” Wang acrescentou ao NPR que o estudo foi um “um lembrete [aos pais] de que precisamos permanecer calmos,” prosseguindo para recomendar uma “intervenção de duas vias para pais e filhos.” Neil Bernstein, autor de How to Keep Your Teenager Out of Trouble and What to Do if You Can’t (Como Manter Seu Adolescente Fora de Problemas e o Que Fazer Se Você Não Conseguir), concordou com as implicações do estudo, conforme ele disse à USA TODAY, argumentando: “Os extremos da criação não funcionam. Os pais que humilham não são mais eficazes que os pais que ‘deixam rolar’, que são completamente tranquilos e não estabelecem qualquer limite no comportamento de seus filhos.”
Os autores do estudo exploraram mais que os efeitos da rigidez por si só; eles também mediram se o “calor parental”, ou os graus de amor, suporte emocional e afeto entre pais e adolescentes, neutralizariam os efeitos da disciplina verbal – e concluíram que não. “Mesmo que apenas ocasionalmente, por lapsos, o uso da disciplina verbal dura pode ainda ser prejudicial,” disse Wang “Mesmo que você seja solidário com o seu filho, se você perder as estribeiras, ainda é ruim.” “A disciplina verbal dura merece maior atenção tanto na pesquisa, como na prática,” concluem os pesquisadores na discussão do estudo. “A maioria das pesquisas conduzidas sobre disciplina dura focaram na disciplina física na infância.
No entanto, considerando que os pais tendem a recorrer à disciplina verbal ao longo que seus filhos amadurecem (Sheehan & Watson, 2008), é importante que pesquisadores e pais estejam conscientes de que a disciplina verbal não é eficaz em reduzir problemas de conduta e, na verdade, leva a maiores sintomas de problemas de conduta e depressão na adolescência.”